segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Os Dragões de Elventir - Partes 2 e 3 de 4

Para ver a parte 1, veja o último post, ou clique aqui.



Há trezentos anos

Eram apenas as trevas, mas os deuses lançaram magia, e as trevas viraram luz.
E a luz virou Elventir, o Mundo Forjado, a Terra da Lua.
Mas uma coisa os deuses não previram... Da união de luz e trevas nasceram seres de comportamento adverso, tão opostos como as próprias Luz e Trevas.
E assim nasceram os elementos.
E assim nasceram os Dragões.
Logo os Dragões se mostraram imperialistas... Demais. Então os deuses decidiram criar outros seres, para acabar com o domínio dos Dragões. Mas eles não sabiam no que aquilo resultaria.
Ah, meu amigo, de fato eles não sabiam.
Do sêmen dos Deuses nasceram os Humanos. Da Bondade de Gaea, a deusa da terra, nasceram os Elfos. E por último, do sangue de Voyar, o deus fogo, nasceu os anões.
Não concordando em ter que dividir seu território com outros povos, os Dragões decidiram tomar medidas para se tornarem únicos...
Imagine um mundo recém criado, com florestas virgens, montanhas congeladas e inalcançáveis. Una isso a campinas sem tamanho, vales transpostos por rios, grutas magníficas e minas subterrâneas que de tão fundas dão a volta, e chegam do outro lado do mundo. Imagine isso e estará em Elventir.
Quando a Guerra começou no novo mundo, espalhafatosa e acima de tudo sangrenta, ela veio agravada. Ninguém, nem Dragões nem seres “Semidivinos” temiam a morte.

Há alguns anos

Beloriel nasceu no ápice da guerra. Numa época em que os castelos dos Dragões eram tomados pela revolta contra as raças inimigas, e as fêmeas tinham a função de gerar soldados.
Beloriel era filho do general Smaug, Líder da Torre Sul, braço direito do Grande Rei Tiaret. Suas escamas eram negras como o carvão. Suas patas grossas como o tronco das grandes árvores, e de sua boca saía o Fogo das Cinco Pedras.
No exército, Beloriel aprendeu as técnicas sangrentas do ataque, e, mais ainda, aprendeu a arte sutil de matar, mesmo sendo contrário a isso, e não concordar com a guerra, que achava mesquinha.
Mas foi no campo de batalha que conheceu um amigo.
As batalhas nas montanhas eram as piores. Bastava um erro e a presa virava o predador.
Janus lutava bravamente, mesmo contra sua vontade, e usava os poderes dados pelos próprios Deuses para matar Dragões.
Ele até tinha um nas mãos: grande, de escamas pretas, mas por algum motivo diferente.
Beloriel podia ter matado aquele Homens, mas não o fez por algum motivo. Ele sempre acreditara nos deuses, mas aquela experiência superou suas expectativas:
“Unam-se. – disse a voz de uma mulher, um voz divina, na cabeça de ambos. – A guerra está nos corações de seus povos. Mostrem que não são como eles.
E foi naquele momento que eles entenderam. Nenhum dos dois precisou dizer nada ao outro, mas ambos sabiam que haviam recebido a mesma mensagem dos Deuses.
Com um Humano em seu dorso, Beloriel fugiu. Por muito tempo eles conversaram sob uma iluminação que ia além do que podiam sentir. E, mais uma vez, entenderam por que os deuses haviam lhes escolhido.
- Vamos conversar com os Reis. A Guerra tem que parar. – disse Janus, talvez um tanto ingênuo.
- Eles não entendem. Querem a guerra.
- Mas os Deuses se arrependeram, você sabe. Eles podem se arrepender também.
- Acho difícil.
Mesmo assim, Beloriel foi até seu Rei, que achou a ideia de um tratado entre os povos algo extremamente impossível. Com muita raiva, contendo-se, o Rei deixou que ele partisse.
Janus recebeu a mesma resposta de seu rei.
Beloriel então foi até seu pai, e sua reação foi muito pior do que o esperado.
- Estás Maluco? Juntar nossa raça pura... Unir os Dragões aos homens, e até aos elfos?
- Eu acho uma boa ideia. Não vejo o porquê da guerra, e...
- Cale-se. Seu irmão morreu na guerra, mas em momento algum ele se rendeu. Mostre-me o Humano que virou sua cabeça, e eu lhe arranco o pescoço.
- Não devo obediência a pessoas que dedicam suas vidas a matar, e, mais ainda, a pessoas que nem mesmo aos seus filhos consegue proteger. Você é um monstro.
Beloriel partiu.
Cansados de tentarem em vão, eles agiram sozinhos, e conquistaram aliados.
Mas um dia as coisas fugiram do controle.
***
Caçados como animais, eles foram presos. Janus e Beloriel passaram a dividir uma cela na prisão de Engradados, mas não deixaram de arquitetar planos, para parar a guerra, e, mais ainda, para fugirem.
- Eu te avisei meu filho, que isso não daria em nada. – Disse o ríspido Smaug numa visita a Beloriel. – Não posso fazer nada por você, e, mais ainda: Quero que apodreça aí. Você desonrou nossa família. A mim e à sua mãe.
Triste com as palavras do pai, Beloriel mais do que nunca se dedicou. Num belo dia, Janus disse:
- Estamos prontos.
E eles se prepararam. No dia seguinte fugiriam.
Texto de Kaio Rodrigues

12 comentários:

Lilian Reis disse...

Muito bom Kaio. Eu sou apaixonada pela leitura de um modo geral, amo sobrenatural, tenho em minha casa uns cinquenta livros sobre vampiros, lobisomens e anjos, que são os que mais gosto. Contudo, ainda não tenho nenhum qua fala de dragões. Gostaria de ler. Escreve muito bem e cada um ao seu estilo adorei os nomes e sou sua fã. Já lançou? Beijos, Lilian Reis.

Dia de Leitor disse...

Obrigado, Lilian. Além de tudo o que diz para mim ainda me dá um elogio desses? Você é demais, garota. Eu que sou seu em gênero, número e grau. É muito bom ter amigos assim.
Já sabe que a primeira resenha é daqui, né?
beijos,
Kaio

Kezia Martins disse...

A-D-O-R-E-I!
Que incrível. Eu sou apaixonada por dragões, então estarei sempre aqui para ler a continuação rs

Beijinhos
fulanaleitora.blogspot.com.br

Dia de Leitor disse...

Obrigado por estar sempre aqui, Kezia
Beijos

Léo Nascimento disse...

Kaio meu amigo, que talento rapaz!!! Achei o máximo!!! Seu estilo é fluido que dá gosto em acomapnhar! Está realmente de parabéns!!!

Abraços do seu amigo Leonardo Born!!!

Dia de Leitor disse...

Caramba, daqui a pouco vou começar a me sentir o máximo. receber elogios de Leonardo Born não é para qualquer um. Obrigado, Léo. De coração.
E aos outros também. estou muito feliz, mesmo.

Nanna disse...

Olá! Obrigada por ter visitado meu blog e tal... Primeiramente, achei o seu super interessante. É bem escrito e esteticamente agradável. A única pequena dica é que você tem feito posts longos demais. Pra quem já acessa e já curte seu trabalho, é bom. Mas para o novo leitor é um pouco cansativo.
Ainda sim achei o blog show!

Dia de Leitor disse...

Nanna, Querida... Obrigado por visitar meu blog. E, mais ainda, obrigado pela crítica. Vou encurtar meus posts agora, na medida do possível, uma vez que os contos seguem algumas regras próprias. realmente pequei neste último post por colocar dois Atos de uma vez só.
Beijos
Kaio

Dia de Leitor disse...

uhuuu. Estou indo lá. Beijos, Kezia

Elisandra Eccher de Andrade disse...

Oi kaio,

Estou intrigada com a continuação, você tem potencial e espero que tudo de certo em sua história....fiquei curiosa sobre fragmentos das conversas que eles poderiam ter tido enquanto estavam presos e como tudo funcionava na prisão.

Beijokas elis
A Magia Real

Dia de Leitor disse...

Obrigado Elis. Talvez hoje ainda eu poste o final.
Beijos
Kaio

Vanessa Araujo disse...

PARTE 2
Amei a descrição da criação desse universo, do surgimento das espécies. Muito inteligente a mistura mitológica dos deuses, mostrando sua vasta cultura e capacidade intelectual.
Da escrita, tirando uma ou outra vírgula fora do lugar, o que é normal, eu mesma peco muito quanto a isso, está tudo perfeito. Flui como um rio que nos leva ao paraíso imaginário.

PARTE 3
Apesar de concordar com o enredo da estória, achava que Beloriel, por sua natureza, fosse mais feroz. Entretanto, entendo que, por uma causa nobre, pelo fim de uma guerra que parecia eterna, ele precisava ser o exemplo para todos, principalmente para seu próprio pai.
Você foi extremamente inteligente ao ligá-los pela voz da deusa, deu total coerência para a união dos amigos.
Como sempre, sua escrita está surpreendente, clara. São poucos os talentos que vemos com a capacidade como a sua. Algo que me chamou a atenção no seu texto foi o cuidado de não repetir palavras nos mesmos parágrafos, uma arte que poucos dominam. Dispensar o uso de pronomes excessivos também enriqueceu o conto.
Parabéns novamente!

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